Veja como certos partidos brasileiros estupram as palavras. “Ética”, por exemplo. O Partido da República, cuja estrela maior é o Tiririca, indicou, para o Conselho de Ética, o deputado Vinícius Gurgel (foto), 37 anos, do Amapá. Algo como nomear, para o combate à dengue, o mosquito Aedes aegypti . O camarada, da tropa de choque de Cunha, já comparou o Conselho a uma suruba e, na semana passada, deixou falsificarem grosseiramente sua própria assinatura, conforme peritos ouvidos pela “Folha”. Ele justificou dizendo que faz tratamento psiquiátrico há três anos e quando “assinou” estava sob o efeito de mistura de bebida alcoólica e remédios tarja preta.
Aliás, este quase oximoro existe também no Executivo. Pezão, por exemplo, chegou a nomear, para a Secretaria de Direitos Humanos, o pastor e deputado Ezequiel Teixeira, que defendia a “cura gay”.
Por falar em contradição, é comum ouvir nos redutos petistas, em relação ao senador Delcídio Amaral, a frase: “Este nunca me enganou.”
Se é assim, por que Dilma o nomeou “líder do governo”, um cargo tão relevante?
Muy amigos
Com o país quebrado, o governo Dilma enfrenta ataques o dia todo. Tirando o PT e o PCdoB, nenhum dos outros partidos da base — são mais do que os dedos das mãos — aproveita o horário gratuito em rede nacional de TV e em horário nobre para sair em defesa do governo.
Esta turma, como diria o antigo personagem “Gardelón” (foto), de Jô Soares, é composta só de “muy amigos”.
No mais
Nos últimos dias, a Lava-Jato, ao se aproximar de Lula, deixou de ser vista apenas com reservas, por petistas, para ser demonizada — como se fosse a volta da peste negra.
Ou seja, o PT termina fazendo o jogo de Eduardo Cunha e Marcelo Odebrecht, só para citar duas vítimas do juiz Moro.