Os adolescentes e a crise dos adultos
Por que a sociedade brasileira banaliza as pequenas corrupções do cotidiano e se escandaliza com a corrupção do governo? A doutora em Letras Karla Farias, 41 anos, moradora de Maricá (alô, Eduardo Paes!), levantou esse debate com seus alunos, na faixa dos 14 anos, do nono ano do ensino fundamental do Gay Lussac, em Niterói . O resultado traz lições importantes para os adultos.
— Os alunos sinalizaram que, para a sociedade exigir honestidade do governo, ela precisa não ser hipócrita e praticar a honestidade em seu dia a dia — ensina Karla.
Veja aqui trechos de redações feitas por esses alunos:
“Pequenas corrupções, grandes problemas. Que moral um pequeno corrupto tem para julgar o governo ou protestar se ele mesmo é um corrupto? Na verdade não existem pequenos nem grandes corruptos, já que todos comentem o mesmo erro: burlar as leis.”
(Alice Ferreira)
“Pequenas corrupções são um pequeno erro para um homem, mas uma grande falha para a Humanidade. Todos nós já fizemos algo errado e pensamos que não faria diferença para o país já que atos maiores de roubo e fraude são cometidos o tempo todo. Mas será que esses pequenos erros não são a causa para os maiores?”
(Paulo César Soares)
“Hoje em dia um ato de honestidade vira notícia, quando deveria ser o contrário. As pessoas devem ser honestas e, quando se for fazer algo errado, devem se colocar no lugar do outro que sofrerá as consequências dos seus atos. Se vivermos honestamente, poderemos conviver melhor, em um país melhor, em um mundo melhor.”
(Giulia Godolphin)
“A nossa corrupção reflete em escala maior nossa falta de respeito com o dinheiro público de nossos políticos que são escolhidos por nós. Somos o país que reclama da lavagem de dinheiro, mas tem seu voto comprado. Reclamamos do jogo sujo do governo, mas sempre queremos sair ganhando. Vamos às ruas reclamando por um Brasil mais honesto, mas depredamos monumentos públicos e propriedades particulares nessas mesmas manifestações.”
(Andressa Mota)
“É duro ver que as pequenas corrupções encobertas por inúmeras desculpas pelo autor do erro estão cada vez mais presentes em nosso cotidiano. As pessoas têm sempre os olhos voltados para transgressões alheias, seja do governo, de políticos ou de empresas que até mesmo fecham os olhos para os seus próprios desvios.”
(Marcelle Dumas)
“Nós, o povo, precisamos perceber e assumir nossos erros para educarmos as outras futuras gerações e não repetirmos os nossos erros antigos, por um país sem imoralidade”.
(Nina Fonseca)