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'No DNA do Bolsa Família está o PMDB'

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Manuel Thedim, diretor do IETS

 O primeiro artigo formal que propõe unificar as políticas de transferência de renda condicionadas do governo federal, conhecidas como “bolsas” — iniciadas no governo FHC — foi escrito pelos professores de economia José Márcio Camargo, da PUC Rio, e Francisco Ferreira, do Banco Mundial. Chamada de “O Benefício Social Único: uma proposta de reforma da política social no Brasil”, a publicação foi apresentada em 2001.

"Em dezembro do mesmo ano, o Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (IETS), comissionado pela Fundação Ulysses Guimarães, do PMDB, a pedido de Wellington Moreira Franco, produziu um artigo propositivo de políticas públicas chamado “Desenvolvimento com Justiça Social — esboço de uma agenda integrada para o Brasil”. O trabalho foi coordenado pelos professores André Urani e Ricardo Henriques. Participaram da sua elaboração Ricardo Paes de Barros, José Márcio Camargo, Francisco Ferreira, Jailson de Souza e Silva, Marcos Lisboa e Octávio Amorim, entre outros."

"Além de uma agenda de reformas — tributária, trabalhista, da previdência, do mercado de capitais etc. —, o artigo propunha a unificação dos programas de transferências de renda, a ser condicionada à frequência das crianças na escola e outras contrapartidas, que dependiam da inserção social e da faixa etária do beneficiário."

"Já em setembro de 2002, coordenado pelos professores Marcos Lisboa e José Alexandre Scheinkman, também organizado pelo IETS, foi publicado “A Agenda Perdida — diagnósticos e propostas para a retomada do crescimento com maior justiça social”, documento que ficou famoso por ser uma das bases das políticas econômicas implantadas pelo professor Marcos Lisboa quando assumiu a Secretaria de Política Econômica do Ministério Palocci. No artigo, a ideia do Benefício Social Único foi reiterada, embora seu foco fosse em políticas macro e microeconômicas."

"Ou seja, o PMDB incorporou a ideia de um benefício social único — depois batizado de Bolsa Família — antes do PT. Este, aliás, resistiu muito a aceitar o programa, já que era política focalizada e não universal. A prioridade, à época, era botar o Fome Zero na rua. A briga foi ganha com muito esforço por Marcos Lisboa, na Secretaria de Política Econômica, e por Ricardo Henriques, que era Secretário Executivo do Ministério de Desenvolvimento Social, na gestão da ministra Benedita da Silva, hoje deputada federal do PT. Não deve ser, portanto, por motivo meramente político-partidário que o PMDB manterá o Bolsa Família na agenda. "

Em tempo: não sou peemedebista.


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