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As sete pragas da Rio-2016

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O prefeito do Rio, Eduardo Paes, e o presidente do Comitê Organizador da Rio-2016, Carlos Nuzman, para citar os dois principais protagonistas da Rio-2016, chegam às vésperas do grande evento após enfrentarem uma corrida de obstáculos. A exemplo do faraó egípcio Ramsés II, com as pragas de Moisés, a dupla também teve de enfrentar maldições desde 2009, quando o Rio foi escolhido para sediar os Jogos da XXXI Olimpíada. A saber:

Os faraós Paes e Nuzman

1) A Candidatura
Em outubro de 2009, havia uma descrença generalizada das chances de o Rio vencer como cidade sede dos Jogos. Como concorrentes, nada menos que Madri, Tóquio e Chicago (cidade onde Obama, recém empossado presidente, tinha feito carreira política). E o Rio, como se não bastasse, já tinha tentado duas vezes (para os Jogos de 2004 e 2012) e não passado nem da primeira fase. Mesmo após a vitória, não faltou quem debochasse da escolha. O ator Robin Williams (1951-2014), por exemplo, numa entrevista em Chicago, fez uma brincadeira de mau gosto ao dizer que o Brasil venceu a disputa depois de mandar 50 strippers e meio quilo de cocaína para COI. Depois, pediu desculpas.

2) A Autoridade Olímpica
A criação, pelo governo federal, da Autoridade Pública Olímpica deixou Eduardo Paes com uma pulga atrás da orelha. Suspeitou que o PCdoB, que ocupava o Ministério do Esporte, queria o protagonismo do evento, que cabe, em todos os Jogos, ao prefeito local. Dilma tentou acalmar Paes escolhendo para o cargo Henrique Meirelles. Mas o atual ministro da Fazenda sentiu que era para ser uma espécie rainha da Inglaterra e saltou fora. Sobrou para o ex-ministro Márcio Fortes, que exerceu papel decorativo. A APO só funcionou de verdade sob o comando do general Fernando Azevedo e Silva, o pacificador.

3) O Plano B
Em abril de 2004, numa reunião do COI na Turquia, o dirigente Ricci Bitti reclamou do atraso na preparação da Rio-2016. O jornal britânico "Evening standard" chegou a dizer que o COI discutia secretamente um plano B, quem sabe mudando os Jogos para Londres, para aproveitar a infraestrutura de 2012.

4) O Impeachment
É muito azar. O ano dos Jogos coincidiu com uma grave crise política e econômica no Brasil. O presidente do COI, Thomas Bach, temia, com razão, que a zorra local afetasse a Rio-2016. Havia a dúvida de quem seria o presidente do Brasil em 5 de agosto, data da abertura. Para culminar, algum aloprado chegou a marcar a votação final do impeachment de Dilma na... mesma semana dos Jogos. A sorte é que a única — bota única nisso — coisa que une Dilma e Temer é que ambos têm consciência da importância do evento.

5) O Zika
O verão passado assustou o mundo com os casos de dengue, zika e chicungunha, no Brasil. Houve muito atleta que desistiu de participar dos Jogos. E um até resolveu congelar o esperma por temer que o vírus impedisse a parceira de ter novos filhos saudáveis. Em carta aberta à Organização Mundial de Saúde (OMS), 150 cientistas de vários países defenderam que os Jogos Olímpicos fossem adiados ou transferidos.

6) A crise do Rio
Cabral e Pezão foram dois grandes entusiastas dos Jogos. O governo do Rio, diga-se a seu favor, levou o metrô até a Barra. Mas deu vexame na despoluição da Baía da Guanabara. O pior mesmo, entretanto, veio com a falência do estado. Os atrasos no pagamento dos servidores estaduais — notadamente os da Polícia — ameaçavam transformar a Rio-2016 num inferno, como alertava aquela faixa dos policiais no Galeão: “Welcome to hell”.

7) O Terrorismo
O Brasil nunca foi alvo de ataques terroristas. Mas o temor de que esses transloucados aproveitem a Rio-2016 para algum ato insano passou ganhar força. O sinal de alerta acendeu com os ataques de novembro de 2015, em Paris. Houve ainda os atentados em Orlando e Nice, e a prisão esta semana, por aqui, de dez suspeitos de ligação com o E.I.. Por fim, na sexta, um tiroteio em Munique — sede dos atentados nos Jogos de 1972 — resultou em 19 mortes.

No mais
Apesar de toda a urucubaca, o Rio se preparou para receber de braços abertos a Olimpíada. E nada a impede de ser um grande sucesso. Tomara.


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