Nada menos que 47 pessoas foram sumariamente eliminadas do atual concurso para diplomata do Itamaraty (Instituto Rio Branco), que oferece ao todo 30 vagas. O motivo? Eram, segundo a Educafro, pessoas brancas que se passaram por negras para ter acesso às seis vagas reservadas pelas cotas.
O ministério das Relações Exteriores publicou hoje, no Diário Oficial: "Por unanimidade, os integrantes da Comissão de Verificação decidiram pela não confirmação das autodeclarações dos candidatos".
É que, após pressão da Educafro e de outras entidades ligadas aos direitos dos negros, o Itamaraty montou, desde o último concurso, uma comissão julgadora para entrevistar pessoalmente os candidatos para se certificar de que eram, de fato, negros. Nesta edição, as entrevistas foram feitas entre a primeira e a segunda fase. Eram 112 pessoas concorrendo às seis vagas para negros.
- O edital previa que uma pessoa branca que havia se declarado negra teria a chance de corrigir a afirmação antes da entrevista. Mas quem fosse pêgo na mentira seria eliminado na hora - disse Frei David, da Educafro.
(Atualização às 15h40)
A Educafro estuda ingressar com ação criminal contra os fraudadores, e prepara uma carta aberta ao Itamaraty/Instituto Rio Branco por conta do "bom trabalho" desenvolvido pelo Comitê "Gênero e Raça" no "combate às fraudes no acesso às cotas para negros".
Diz a carta: "Entendemos que o momento é muito positivo para a construção de novos valores para toda sociedade brasileira. O exemplo da corrupção de mais de 80% dos políticos de todos os partidos do Brasil, de direita e de esquerda, gera nas pessoas mais fracas eticamente este abuso de querer 'tirar vantagem em tudo'".
(Atualização às 17h10)
O pai de uma candidata eliminada entrou em contato com a coluna e disse tratar-se de uma injustiça: "Os candidatos prejudicados estão submetidos a uma angústia sem tamanho, a poucos dias da realização das novas provas. Sei que reverteremos esse pesadelo". Leia aqui o relato dele.