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Artigo: É curioso que Paes tenha sido vaiado logo na Rio-2016, cujo sucesso se deve à prefeitura

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O legado Paes

Eduardo Paes andou sendo vaiado no Maracanã nas festas de abertura e encerramento dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos. Imagina se o carioca iria perder a chance de vaiar um político, notadamente agora que a classe anda com a fama da Geni. A graça do carioca é a graça. Além disso, o Maracanã adora uma vaia, a exemplo dos teatros líricos, onde, para alguns apreciadores de ópera, aplaudir e vaiar servem para melhorar a qualidade do espetáculo.

O curioso, mas é do jogo, é que os apupos para Paes surgiram em eventos da Rio-2016, cujo sucesso é inquestionável e cujo principal responsável pela sua realização exitosa foi a prefeitura. A começar pelo nome (Barcelona-1992, Londres-2012 ou Tóquio-2020), os Jogos são de responsabilidade predominantemente municipal.

A cidade do Rio fez seu trabalho direito. É só perguntar aos quase 20 milhões que andaram de BRT, aos cinco milhões que frequentaram o novo porto e o Parque Madureira e aos nove milhões que foram assistir aos Jogos em diversas arenas, quase todas erguidas pela prefeitura (um pé de página: no Museu do Amanhã, metade dos visitantes não tinha o hábito de frequentar instituições culturais).

Não que aspectos da gestão Paes não mereçam vaias, a começar pela enorme capacidade do prefeito de expelir frases desastradas. De tanto abrir a boca, lembra até, como se maldizia antigamente na minha terra, Maria Callas (1923-1977), a cantora erudita, por sinal, muito aplaudida e também vaiada em alguns momentos.

Mas o fato é que, motivada pela perspectiva de sediar uma Olimpíada, a prefeitura do Rio investiu em oito anos R$ 38,4 bilhões, uma taxa média de desembolso de 16,1% de seu orçamento. Em 2015, a taxa chegou a 19%, enquanto São Paulo investiu 9,1%. Em volume de obras, a administração atual pode, quem sabe, ser comparada às gestões, do século passado, de Carlos Lacerda, entre 1960 e 1965, ou mesmo de Pereira Passos, entre 1902 e 1906.

O impacto desses investimentos na economia carioca foi medido pela FGV. O estudo do economista Marcelo Neri mostra que, entre 2008 e 2016, a renda do trabalho dos 5% mais pobres cresceu 29,3% e a dos 5% mais ricos, 19,96%. Sustenta ainda que ocorreram efeitos positivos sobre os indicadores sociais, a começar pela educação. Os anos de estudo, no Rio, passaram de 7,91 para 8,67, de 2008 para 2014.

Se Paes vai conseguir fazer, ou não, seu sucessor não vem ao caso. É outra história.

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Nestes quatro espetáculos no Maracanã, abertura e encerramento dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos, o repertório de música e dança mostrou samba, choro, MPB, frevo, cânticos tradicionais indígenas, ciranda, forró, marchinhas de carnaval, dança do passinho e até festa de aparelhagem. Mas não teve nenhum som ou requebro que lembrasse os estados ao Sul, a começar por São Paulo.

Será que eles são ricos de marré deci em renda e pobres de marré deci em ritos culturais próprios?

Cartas para a Redação.

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Voltando à questão política x Igreja. A candidata Jandira Feghali visitou dom Orani no dia 8. Coisa civilizada. Mas, em 2006 (na época o cardeal do Rio era dom Eusébio Oscar Scheid), setores da Igreja Católica jogaram pesado contra ela.

Atribuiu-se a derrota de Jandira ao Senado, perdendo para Francisco Dornelles, à distribuição em portas de igrejas católicas, na véspera da eleição, de panfletos apócrifos que a acusavam de aborto. Advogados da deputada chegaram a pedir ao TRE uma busca na Arquidiocese do Rio.

(Artigo publicado em O GLOBO na edição de 23/09/2016)

Paes, o presidente do COI, Thomas Bach, e a governadora de Tóquio, Yuriko Koike


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