‘Escrever é cheio de casca e de pérola’
Ontem, o poeta pantaneiro Manoel de Barros, falecido em 2014, faria 100 anos. Em 1986, o poeta Carlos Drummond de Andrade, numa atitude modesta, declarou que o pantaneiro era o maior poeta brasileiro vivo.
Aqui, um seleto grupo de admiradores do poeta nascido em Cuiabá seleciona alguns versos de sua obra.
Antônio Cícero, poeta e letrista
“Eu os vejo nas ruas quase que diariamente./São uns homens devagar, são uns homens quase que misteriosos./Eles estão esperando./Às vezes procuram um lugar bem escondido para esperar./Estão esperando um grande acontecimento.”
Eucanaã Ferraz, poeta
“Repetir repetir — até ficar diferente/Repetir é um dom do estilo.”
Italo Moriconi, crítico e ensaísta
“Eu queria usar palavras de ave para escrever/Onde a gente morava era um lugar imensamente e sem nomeação/Ali a gente brincava de brincar com palavras tipo assim: Hoje eu vi uma formiga ajoelhada na pedra!”
José Paulo Cavalcanti Filho, escritor
“Fazer o desprezível ser prezado é coisa que me apraz..... Não saio de mim nem pra pescar.”
Manya Millen, jornalista
“A poesia está guardada nas palavras —é tudo que eu sei/Meu fado é o de não saber quase tudo/Não tenho conexões com a realidade/Poderoso para mim não é aquele que descobre ouro/Para mim poderoso é aquele que descobre as insignificâncias (do mundo e as nossas).”