Aventuras de um repórter com Fidel, o imortal Cícero Sandroni
Por Cícero Sandroni
“Para minha surpresa, encontrei nas páginas do GLOBO de domingo, em caderno dedicado à primeira visita de Fidel Castro ao Rio, em 1959, uma foto onde apareço como papagaio de pirata, atrás de Fidel, Jango e JK. Repórter do jornal à época, eu recebera uma pauta do então chefe de reportagem, Alves Pinheiro, pedindo cobertura homem a homem do herói revolucionário.
Entusiasmado com a missão, parti para o trabalho, mas, na entrevista coletiva que ele deu na ABI, ao lado de Herbert Moses, fui infeliz em uma pergunta e acusado, aos berros e murros na mesa, de ser agente provocador da CIA.
Herbert Moses me salvou garantindo que eu era jornalista e estava ali a serviço do GLOBO, jornal do qual ele era diretor.
Voltei para a Redação, escrevi meu texto e disse ao Pinheiro que era melhor mandar outro repórter. O baiano recusou-se e eu prossegui na cola de Fidel, ele desconfiado, a princípio, e ao fim, cordial.
Na partida, na base militar do Galeão, quando pedi a última entrevista, ele colocou seu braço sobre meus ombros (foto) e, enquanto falava, rumava para o avião. Coisa assim parecida com o final de “Casablanca”, o início de uma grande amizade. O Pìero Fontapié fez várias fotos e, no dia seguinte, estava eu na primeira página do GLOBO abraçado pelo Comandante, fazendo anotações...”