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Um embaixador chamado Bambino , por Ancelmo Gois

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Com a honrosa exceção da CVM, criada em 1976, quase todas as outras agências reguladoras nasceram durante o governo FH. O modelo, adotado por todas as economias modernas, cria uma espécie de xerife com a missão legal de colocar ordem num setor, proteger os bons e punir os maus do mercado. Seus membros são aprovados pelo Congresso, como acontece, por exemplo, com os ministros do STF e do STJ. A SEC, agência americana que atua no mercado financeiro, é um bom exemplo de como o modelo funciona — ou deveria funcionar. Só que Lula, quando assumiu o governo, em 2003, detestava essa ideia de agência reguladora. O PT achava que FH queria continuar mandando no país por meio delas. E, por causa dessa desconfiança, o embaixador Sebastião do Rego Barros, que o Brasil perdeu ontem, aos 75 anos, sofreu o diabo no começo do lulismo. Descendente de uma família tradicional pernambucana, o avô dele, que também se chamava Sebastião, foi presidente da Câmara de Deputados quando da Revolução de 30. Pois bem, Bambino, apelido dele no Itamaraty por causa do sorriso fácil, foi nomeado por FH para dirigir a Agência Nacional de Petróleo graças à sua grande experiência como negociador em fóruns econômicos internacionais. E como eu ia dizendo, após o fim do governo FH e o início da gestão de Lula, Sebastião sentiu um certo desconforto e concluiu que sua presença na ANP poderia prejudicar o setor de petróleo e gás. Foi então procurar Dilma Rousseff, que era ministra de Minas e Energia, para contar o que se passava e dizer que não seria obstáculo. Porém, Dilma pediu que ele continuasse, e Barros cumpriu seu mandato, ficando até 2005. Depois, Lula nomeou para a ANP o líder sindical Haroldo Lima, pessoa honrada e dirigente do PCdoB, um partido que gosta da abertura do setor de petróleo tanto quanto peru da ceia do Natal. Com Dilma lá, o cargo voltou a ser ocupado por uma técnica experiente, Magda Maria de Regina Chambriard. Aliás, na nota de pesar pelo falecimento de Bambino, Dilma, depois de dizer que ele dedicou mais de 40 anos de serviços ao país, lembrou que “tivemos a oportunidade de trabalhar juntos”. Saudades. Com a honrosa exceção da CVM, criada em 1976, quase todas as outras agências reguladoras nasceram durante o governo FH. O modelo, adotado por todas as economias modernas, cria uma espécie de xerife com a missão legal de colocar ordem num setor, proteger os bons e punir os maus do mercado. Seus membros são aprovados pelo Congresso, como acontece, por exemplo, com os ministros do STF e do STJ. A SEC, agência americana que atua no mercado financeiro, é um bom exemplo de como o modelo funciona — ou deveria funcionar. Só que Lula, quando assumiu o governo, em 2003, detestava essa ideia de agência reguladora. O PT achava que FH queria continuar mandando no país por meio delas. E, por causa dessa desconfiança, o embaixador Sebastião do Rego Barros, que o Brasil perdeu ontem, aos 75 anos, sofreu o diabo no começo do lulismo. Descendente de uma família tradicional pernambucana, o avô dele, que também se chamava Sebastião, foi presidente da Câmara de Deputados quando da Revolução de 30. Pois bem, Bambino, apelido dele no Itamaraty por causa do sorriso fácil, foi nomeado por FH para dirigir a Agência Nacional de Petróleo graças à sua grande experiência como negociador em fóruns econômicos internacionais. E como eu ia dizendo, após o fim do governo FH e o início da gestão de Lula, Sebastião sentiu um certo desconforto e concluiu que sua presença na ANP poderia prejudicar o setor de petróleo e gás. Foi então procurar Dilma Rousseff, que era ministra de Minas e Energia, para contar o que se passava e dizer que não seria obstáculo. Porém, Dilma pediu que ele continuasse, e Barros cumpriu seu mandato, ficando até 2005. Depois, Lula nomeou para a ANP o líder sindical Haroldo Lima, pessoa honrada e dirigente do PCdoB, um partido que gosta da abertura do setor de petróleo tanto quanto peru da ceia do Natal. Com Dilma lá, o cargo voltou a ser ocupado por uma técnica experiente, Magda Maria de Regina Chambriard. Aliás, na nota de pesar pelo falecimento de Bambino, Dilma, depois de dizer que ele dedicou mais de 40 anos de serviços ao país, lembrou que “tivemos a oportunidade de trabalhar juntos”. Saudades.

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