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Aos 81 anos, Emiliano Queiroz viverá drama de milhares de brasileiros que sofrem nos hospitais

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O drama da saúde pública na tela da TV

O querido Emiliano Queiroz vai viver, na TV, um drama que poderia ser seu. Aliás, um drama de milhares de brasileiros que sofrem silenciosamente nos corredores de hospitais públicos. Aos 81 anos, o eterno Dirceu Borboleta, personagem de “O bem-amado”, de Dias Gomes, em 1973, interpreta, agora, Rivaldo em “Sob pressão”, nova série sobre a rotina de um hospital público, de Andrucha Waddington, que a TV Globo exibe a partir do dia 25.

Sinta o drama: Rivaldo está doente e, há um ano, vive agarrado a sua maca à espera de um diagnóstico. Com medo de perder o leito, ele não sai da cama nem para andar. Passa os dias observando médicos, enfermeiros e pacientes.

— É um dos personagens mais verdadeiros que já vivi. O roteiro aborda um assunto de maior interesse da população no momento, porque estamos abandonados. Um dos descasos que mais me preocupam no país é o da saúde publica. O Rivaldo tem, na série, a mesma idade que eu tenho. É um velho como eu. O médico diz que ‘ele tem que caminhar, sair da maca’. Mas Rivaldo responde que, se ele levantar, quando voltar, não tem mais cama.

Emiliano sentiu, logo de cara, uma tremenda identificação com o personagem. É que, em 2016, ele teve uma pneumonia e ficou internado em uma casa de saúde particular na Zona Sul do Rio. Apesar de ter todo o tratamento em mãos e o carinho de Maria Letícia, sua mulher, o ator conta que o período de internação foi horrível. E fica se perguntando como deve ser difícil para aquelas pessoas que estão internadas na rede pública. A gravação da minissérie foi em um prédio da Santa Casa de Misericórdia, em Cascadura. Lá, há alguns senhorzinhos, da idade de Emiliano, internados e sem nenhum recurso.

Aliás, a historiadora Denise Rollemberg, no seu trabalho sobre a censura na novela “O bem-amado”, conta que o censor implicou com o personagem Dirceu Borboleta. Sugeriu, numa passagem em que ele aventava a possibilidade de abandonar o voto de castidade para não perder a esposa, que Dirceu transasse com a mulher, porque só assim “iriam se dissipar as dúvidas sobre sua homossexualidade — amoral”.

Afinal, os dias eram assim. Mas essa é outra história.

Emiliano Queiroz


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