Ela é a atual Miss Cinema do Brasil. Com o sucesso de “Fala sério, mãe!” — mais de 2,5 milhões assistiram ao filme —, Ingrid Guimarães superou a marca de 20 milhões de espectadores, segundo o “Filme B”. É a terceira brasileira mais vista, atrás só de Xuxa (60 milhões) e Sonia Braga (25 milhões). Agora, aos 45 anos e 20 de carreira, Ingrid tem um novo foco: o cinema autoral. “Quero experimentar um outro tipo de cinema. Mas isso não significa provar nada para ninguém. Quero, sim, crescer como atriz”.
Mas — calma, gente! — a goiana não abandonará o que a projetou na telona: os filmes populares. Em abril, gravará, em Paris, “De pernas pro ar 3”, que sai este ano. “Tenho muito orgulho de ser uma atriz popular”, diz. “Nossos filmes vão bem em Belford Roxo e Duque de Caxias. Isso não deixa de ser formação de plateia do cinema brasileiro, ainda mais na crise. E nós não concorremos com nós mesmos, mas com os gringos e seus filmes de super- heróis e franquias bilionárias”. Ainda assim, na semana de estreia, “Fala sério, mãe!”, ao custo de R$ 6,3 milhões, superou o novo “Star Wars” (uns US$ 200 milhões, ou R$641 milhões).
E por que Ingrid é tão vista? “Fiz minha carreira em cima da identificação. Há muito tempo queria falar das relações íntimas entre mãe e filha. Tenho uma filha (Clara) de 8 anos e, pela primeira vez, ela pôde ver um filme meu, porque os outros tinham censura maior”.
No fim de 2017, a atriz gravou “O sofá”, de Bruno Safadi, que sairá no segundo semestre. De “baixíssimo orçamento”, conta Ingrid, o longa narra a história de uma professora de escola pública que perde a casa para uma obra da Rio-2016. Ela vira moradora de rua, envolve-se com um pescador (Chay Sued) e os dois acabam encontrando, na Baía de Guanabara, um... sofá que era da casa dela — o “ponto de virada” da história. Qualquer semelhança com as mazelas deste Rio pré, durante e pós-2016 não é mera coincidência.
Mas vem por aí, ainda, o próximo passo: o próprio filme autoral. “Comprei os direitos de uma trajetória linda, a história real de uma mulher”, diz a atriz, que prefere, por ora e “para dar sorte”, não revelar mais detalhes. Até lá, seguirá lutando por mais espaço para o cinema autoral: “Deveria haver uma política pública de incentivo, mesmo, para que esses filmes pudessem ocupar mais salas. Meu sonho é levar pelo menos um pouco desse meu público dos filmes mais populares para o cinema autoral”. Amém!