Diário de uma vítima da violência
No início do mês, o diretor de TV José Bonifácio Brasil de Oliveira, o Boninho, sofreu uma tentativa de assalto. Um grupo de bandidos armados usou dois carros para fechar a Avenida Paulo de Frontin e começar a assaltar.
Aqui, Boninho, que, graças à perícia do seu motorista, conseguiu escapar do arrastão, troca dois dedos de prosa com a coluna sobre a violência no Rio.
O que passou pela sua cabeça na hora? Impotência, sensação de insegurança, vontade de se mudar da cidade?
Tudo ao mesmo tempo. A decisão de escapar foi do meu motorista. Eu fiquei com a imagem da ação dos bandidos. Tinha cara de guerrilha. Eles estavam preparados para atacar. Estamos realmente indefesos, a situação está crítica. Não só no Rio de Janeiro. Lamento muito. Sou um paulista, carioca de coração. Não quero fugir, quero morar feliz na cidade que escolhi.
Como você vê a situação do Rio hoje?
Piorou muito. O poder público está repleto de malas abonadas, pagamos impostos que não retornam para a população. Não quero generalizar, tem muita gente boa, mas estamos no caos.
A polícia, por exemplo, é nosso primeiro escudo. Os caras botam o peito na rua, mas estão com salários atrasados, carros danificados, sem gasolina, saem de casa e não sabem se vão voltar.
E o que você achou da intervenção?
Pode ajudar, claro. Mas não vai resolver. O buraco é mais embaixo.
O que fazer, então? O que você quis dizer, nas redes sociais, com “Vamos nos unir contra essa impunidade"?
Temos de buscar exemplos como o de Nova York, a operação Tolerância Zero do prefeito Rudolph Giuliani mudou a cidade. Acho que precisamos unir poder público, judiciário e civil para virar o jogo. O coletivo, discutido, pode mudar essa situação.